É como tirar um doce a uma criança. Aquele doce pelo qual a criança faz uma birra até ter, um doce pelo qual a criança chora até á ultima lágrima e acaba por desistir e adormecer, já sem forças.

Tinhas o meu doce, passaste-o pelo contorno dos meus lábios com ar de desdém. Passaste-o pelos meus olhos que brilhavam mais que o próprio doce, acho que cheguei a segura-lo. Vi-te a comer um pedacinho, eu fiquei sentada a ver. Impotente. Chegaste-te para mim e beijaste-me. O doce era tão…doce ? Ou será que era a tua boca? Por momentos esqueci-me do doce. Distraíste-me como se distrai uma inocente criança. Distrai-me inocentemente.

Voltei a mim e continuei a lutar pelo doce. Queria-o tanto, talvez por o teres e não mo dares ou sequer partilhares. Deste-me a prova-lo por curtos instantes, e isso fez me deseja-lo ainda mais… mas será que queria o doce ou o doce dos teus lábios? Comecei a perder-me nessa dúvida e a usar o doce como descarte de consciência. Só depois me apercebi que o doce acabava, mas tu não. Isso é péssimo.

Doces? Não são únicos, posso compra-los em qual quer lugar, em qual quer momento. Agora tu? Tu és único, és eterno. Mas..podes ir embora e deixar-me e pior do que perder quem amamos porque a morte os levou, é perder quem amamos porque não fomos suficientemente bons. E eu posso procurar-te em todas as lojas do mundo mas nunca te vou poder comprar nem nunca te vou poder ter como se tem um doce: Posso ter o doce que eu quiser, durante o tempo que eu quiser, onde eu quiser, menos num sítio: no meu coração. Porque? Porque tu ousaste ocupar esse sítio.

Agora pergunto-me: porque é que me mostraste o que é a verdadeira e pura felicidade, deixaste-me prova-la e depois, quando eu mais precisava dela, quando eu a mais desejava, te foste embora e levaste-a contigo?