Decoro o meu caderno com palavras por ti ditas, vibro ao recuperar momentos soltos no meu íntimo. Moldo as profundas feridas que no meu coração deixaste e guardo o molde numa gaveta, para que um dia, quando as feridas fecharem e a dor que causaste se perder no meio de memorias, eu poder olhar para o molde e me lembrar o quão profundo foste e o quanto te amei.
Embora eu não te tenha convidado a entrar, tu apareceste á minha porta e de lá não saíste até finalmente eu te deixar entrar: coloquei a mão na maçaneta e tremi, tremi porque me subiu pela espinha o medo, as incertezas, mas apercebi-me de que já era tarde…a minha mão, involuntariamente como se o meu inconsciente se tornara consciente, tomou pose de mim e mostrou-me o quanto eu precisava de ti.
Ainda ali, no meu mundo, sozinha, a minha mão deslizou em torno da maçaneta..senti uma brisa fresca a tocar me no rosto, e subitamente, uma forte presença. Um corpo invadiu o meu espaço, colocou a sua mão na minha, tirou-a da maçaneta e encostou-se á porta como quem bloqueia a única saída de um labirinto. “ Aproxima-te” disse ele num tom doce e um tanto sedutor, pediu-me para o deixar ficar e prometeu que se assim fosse, nunca sairia. E eu sem palavras, tomei-o por um gesto de carinho. Entreguei-me e perdi-me nos seus braços, e lá fiquei. Fiquei, fiquei..até que os braços começaram a perder a força, aquela quente presença tornou-se fria. Olhei para cima e procurei o teu rosto por entre os meus cabelos, mas não o encontrei. O teu corpo, a tua imagem começou,subtilmente, a perder-se no meu mundo, os teus contornos corromperam-se. Começaste a desvanecer e através do que de ti restava já via a porta que ousavas bloquear, desapareceste.
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